- Vá embora!
Decisão tão imediata que não há relógio que aponte o
tempo da mágoa que ali brotava, da melancolia que ali surgiu. Como não há
teoria que interprete nossos primeiros encontros.
Pois bem, era um sábado à noite de abril, do “mês mais
longo”, como tu mencionavas. Uma espécie de agosto da primeira metade do
calendário. Não era pra estarmos lá. O combinado era outro. Mas aconteceu.
Pistas já nos miravam. Minha intuição também já havia me sussurrado que, não se
sabe como, findaríamos, a formalidade.
- SUSPEITE do inTENSO!
Dizia ela.
Sempre tão intenso. Para os dois. A tensão, no entanto,
foi desigual. A psicologia trata de explicar. As diferenças de gênero e classe
problematizam a análise.
Naquela noite, a tensão, sim, tão intensamente, tomou
conta. E tão rápida, como a velocidade do efeito do álcool no teu corpo. Eu ia
te levar para casa. Você não aceitou a segurança das minhas mãos. Uma criança talvez
compreendesse o perigo da noite. E já havia te salvo de risco semelhante dias
atrás. Riscos, aqueles que te perseguem de tanto que você os procura. Cansei da
situação. “Só me segue, então”. Você achou que eu fosse embora. Eu queria mesmo.
Eu ia. Então, você me procurou e me apanhou desesperadamente. E tudo se
transformou em dor.
Teus olhos desolados, reflexos dos meus, aflitos, minutos depois, costumam ressurgir nas minhas noites. São nossa síntese. Esse vai e vem. Amor, calor, dolor. Dolor, calor, amor. Amor, calor, dolor. Esse encontro e desencontro. Da noite do sábado. Dos dias que se sucederam. Dos dias que seguem. Essa inconstâcncia diante da nossa harmonia. Desarmonia.
Teus olhos desolados, reflexos dos meus, aflitos, minutos depois, costumam ressurgir nas minhas noites. São nossa síntese. Esse vai e vem. Amor, calor, dolor. Dolor, calor, amor. Amor, calor, dolor. Esse encontro e desencontro. Da noite do sábado. Dos dias que se sucederam. Dos dias que seguem. Essa inconstâcncia diante da nossa harmonia. Desarmonia.
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