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Casi 27



Os 27 já estão quase aí. Já não sou mais a mesma quanto tinha 20 anos. Já não mais aquela que viajava enlouquecidamente pelo RS e Brasil, movida pelas pequenas e grandes causas. As pequenas e grandes causas, ah essas ainda me conduzem, percebo que ocupam lugar na minha vida, “na mistura e na contradição que sou e que vivo*”. Certos projetos políticos já me repugnavam pelo sofrimento causado à tantxs e pela minha condição enquanto jovem mulher estudante. A ganância que elege os seus e as suas para sentar-se à mesa do banquete, uma mesa que no seu excesso de fartura torna-se maldita. Enojo ainda mais certos projetos por agora ser professora, por ser trabalhadora (e) do mundo da educação. Haja imunidade (saúde e utopia) no dia a dia para sobreviver à esta selva capitalista! Marcada pela minha vivência, a tarefa de conciliar esperança no meu cotidiano, também espaço do cativeiro desse nocivo sistema do qual faço parte, é árdua. Os medos, os interesses, os desejos, os sonhos, um misto que me habita, por vezes me paralisam. Crescer, e crescer acreditando nos gestos humanos solidários, é dolorido. E quando reparo que mesmo assim concebo poesia aqui e acolá, mesmo que em alguns momentos distraída no seu alcance, percebo doses da esperança louca ainda ocupando minha vida.


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