Há momentos na vida que não bastam ser registrados apenas em
fotos, murais de facebook ou na doce memória. É necessário mais. Traduzir em
inúmeras palavras me parece ainda ser o melhor caminho. E o show dos Los
Hermanos de ontem (12 de maio) em Porto Alegre ressoa ansiosamente pelo
registro.
Pré
Ingressos comprados pra noite de ontem ainda no final do ano de
2011 pela amiga Marília (também amante dos Los Hermanos). Até o show muitas manhãs,
tardes e noites de escuta dos CDs, especialmente Ventura e Bloco do eu sozinho.
Escuta considerada comum, já que o amor pelos cariocas foi (é) regado
diariamente durante anos.
A primeira vez que escutei Los Hermanos (assim como muito@s) foi
através de Ana Júlia. Na época era
criança e mal sabia sobre o som deles. Recordo do carnaval infantil que
participei em 2000 quando tava na 4ª série e o som que embalou era “Ôôôôh Ana Júliaaaaaaaaaaaahhhh”. Cantava
nos berros e com o um dos dedos rasgados, pois havia quebrado um copo horas
antes lavando a louça do dia em casa.
Anos depois em 2003 aos 13 anos passei a escutar por causa da
minha irmã Pâmela, dona de bons e invejáveis ouvidos musicais. Na época, minha
vida se resumia em Ramones e Tequila Baby, e assim achava Los Hermanos a maior
depressão. Passei a curtir mesmo por volta dos 16 anos. Após o fim do carnaval, acompanhei os trabalhos
de Marcelo Camelo e de Rodrigo Amarante. Inclusive tive a oportunidade de ver
no Opinião (POA) em 2009 Amarante junto do baterista Moretti (STROKEESSSSSSS!)
em show do Little Joy (e de quebra deparar-se com Adam Green na escada do bar
#OMG). Outro caso que considero importante partilhar: pouquíssimo conectei
canções dos Hermanos com casos amorosos. Isso faz toda diferença baby, já que
posso escutar a banda tranquilamente sem cair em lágrimas por desastres
afetivos.
Dado os fatos históricos para justificar minha ida ao Pepsi é hora
de falar da noite surreal. Na fila ontem, pouca espera já que a irmandade da PJ (Victor, Luana, Jaiane, Pâmela, Marina e Leandro)
oportunizou o companheirismo de ‘dar lugar’ (para alguns, a maior sacanagem). E
liberada a entrada, lugar garantido na frente quase que na grade! Até a espera,
a tentativa do DJ em deprimir tod@s presentes não se concretizou, embora tenha chegado
perto (rolou até The Clash experimental, que particularmente considero uma decadência).
Durante
E por volta das 23hs, enfim hermanitos no palco com O Vencedor: Olha lá quem vem do lado oposto
e vem COM gosto de viver. E o
mundo passava a parar naquele instante... Eu
que já não quero mais ser um vencedor, levo a vida devagar pra não falta amooooor.
Amor. Muito Amor. Como Frank Jorge, Com
Amor muito Carinho.
Durante as canções um misto de sentimentos e percepções: gritos,
alma leve e alegre, memórias, corpo em movimento, êxtases, lágrimas, a sintonia
de
Camelo, Amarante, Medina e Barba no palco, admiração pela
genialidade de Amarante, suspiros (muitos suspiros, especialmente por CAMELO,
seu lindo! haha) etc etc etc. Algumas linhas sobre as canções (não todas):
Retratro pra Iaiá, Toda
Carnaval tem seu fim, Primeiro Andar, Um Par
e Do Sétimo
Andar – Todo carnaval não tem fim. Cantadas em coro. Caras e bocas
divertidas do Amarante. Como será quando
a gente se encontrar? Com a maior das alegrias. Quanto ao chão? Não existia.
Alto aqui do sétimo andar
O Vento – Uma das mais engenhosas canções dos Hermanitos - Como pode alguém sonhar o que é
impossível saber? - Não te dizer o que eu penso já é pensar em dizer. Suave
brisa. Gostosa brisa. Êxtase afetuoso. E no telão, imagens da orla carioca para
suscitar as memórias do Rio de cada um/a presente ali.
A Flor e Cara
Estranho – A Flor é uma das
minhas preferidas. E uma das melhores tocadas ontem. Somada a voz de Amarante e
Camelo, o coro foi fiel e nervoso (como alguns dos riffs). E Amarante num iê –
iê - iê eletrizante. Um dos momentos mais surreais do show. O corpo tomado pelos
nervos continuava com Cara Estranho. O nervosismo subia a medida que a canção percorria
Faz parte desse jogo, dizer ao mundo todo
que só conhece o seu quinhão ruim.
De Onde vem a calma e A
Outra - Paz, eu quero paz. De
onde vem a calma? Momento aconchegante. Corpo pra lá e volta, pra cá em
movimentos leves. Sem pressa. A voz agradecia, já rouca.
Um Milhão – Canção
saindo do forno. Paciência – pediu Amarante.
Curti a canção. Letra bacana, toque de realidade social no meio (já me
conquistou rsrsrs).
Casa Pré – Fabricada, O Velho
e o Moço, Conversa de Botas batidas
e Último romance – E
o show se encaminhava pro fim. Seqüência de canções do Ventura e Bloco do Eu sozinho. Podia rolar outras com Mais uma Canção e Do Lado de Dentro. E a alma já transbordava de muita felicidade. Abre
a janela agora, deixa que o sol te veja. É só lembrar que o amor é tão maior
que estamos a sós no céu. A banda e o público. Os dois protagonistas do
caso. Hermanitos, a nossa fuga foi descoberta e espalhada. O nosso amor se
concretizou.
BIS
Nunca Diga – A volta dos Los Hermanos foi com muito estilo e gratidão à uma
das melhores bandas dos pampas gaúchos – Graforréia Xilarmônica. Assim que
voltaram e Camelo iniciou Querida
nunca diga que eu tenho mal-gosto e saiba que o belo da vida ainda está pra nascer,
reconheci a letra e também cantei. Até que em segundos caiu a ficha: GRAFORRÉIA
XILARMÔNICA! ENLOUQUECI! LOS HERMANOS CANTANDO GRAFORRÉIA XILARMÔNICA! NUNCA
DIGA! (embora não seja a primeira vez que Camelo homenageia seu amigo Frank
Jorge). MELHOR?! IMPOSSÍVEL! O corpo respondeu também ao momento. E assim um
casal que passou o show inteiro parado me advertiu “Se tu quer dançar e gritar, faz isso mas sem incomodar os outros”.
Estava muito feliz e em outro mundo pra entrar num papo com o casal. Apenas
agradeci a sugestão e passei a dançar e cantar mais enlouquecidamente. Resposta para o casal, que
vem a um show de 15 anos de uma baita banda, na área geral e acha que vai
encontrar fãs paralisados sem se empolgar com os iê – iê – iê eletrizantes do
Amarante ou do conjunto de características que fazem dos Los Hermanos uma das
melhores bandas música braslileira. Respeito “os parados”, mas se quer apatia,
sem empurros e apertos vá ver o show na VIP! E ainda assim duvido encontrar.
Fui
lhe mostrar um disco que eu comprei de um cantor que eu sempre gostei. Canção
Nunca diga cantada com muito amor.
Graforréia tocada pelos Los Hermanos é um presente pra relembrar sempre! Mas
uma pena (e vergonhoso) que grande parte do público não cantou junto de Camelo.
#Ficadica pros rockeir@s gaúch@s que Graforréia não se resume a Amigo Punk.
Tenha Dó – Se tu quer rock'n'roll meu amiguinho então é
rock'n'roll que tu vai ter (GX). Muitos gritos, muitos pulos. Versão mais
rápida que no cd. TENHA DÓ, NÃO MERECES O AFAGO DE DEUS NEM DO DIABO.
Ana Júlia –
Voltei ao carnaval de 2000. E como disse a querida Marina “Eles deixaram a gente cantar e dançar Ana Júlia". Divertidíssimo momento!
Quem sabe e Pierrot – E Amarante deixa
a guitarra e cai no público. Logo após a banda finaliza com Pierrot. O palco já
tava uma bagunça, tod@s nós já estávamos uma bagunça. Não entendia mais nada, a
não ser Los Hermanos. E pra finalizar a Marília jogou uma camisa customizada da
Pâmela pro Amarante. E lá se foi a camisa da Pâmelita na mão do Amarante...
Pós
Felicidade não foi embora, tá aqui nos
#loshermanosPOA numa intensidade pra nunca mais fugir (yo pelo
twitter em algum momento do show). Foi como se ontem a
felicidade que brotou de cada um@ de nós foi deixado no show e imortalizou-se
junto do conjunto todo de elementos da noite. Seja bem – vinda vida – pós Los
Hermanos...
(Foto 1 - Priscila Menezes Siqueira; Foto 2 e 3– Diego Vara)
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marulho