Mês de Março é mês do Dia Internacional das Mulheres, data para celebrar as iniciativas e conquistas além de intensificar a defesa e afirmação pelos direitos das mulheres em todo o mundo. Data para ecoar ainda mais alto que é necessário extrapolar as relações desiguais rumo à liberdade, à autonomia, à justiça e à paz.
E ao celebrar a data simbólica, aprofundamos diversas reivindicações das mulheres e da luta anticapitalista contra as diversas formas de dominação e opressão, como a representatividade feminina na vida política. Seja em movimentos sociais, seja em partidos políticos ou nos poderes executivo, legislativo e judiciário, a ocupação das mulheres nos espaços da cena política vem ganhando cada vez mais atenção. A participação direta nos espaços polítcos cresceu, mesmo que de forma tímida, à medida que a pressão pela paridade de gênero em diversas organizações da sociedade civil e o debate da divisão sexual do trabalho foram intensificados.
No Brasil, mulheres urbanas e rurais lutam constantemente pela sua ampla participação na vida e nas decisões das organizações, protagonizando diversas bandeiras de lutas. A Jornada Nacional de Luta das Mulheres Camponesas, por exemplo, envolve milhares de mulheres da Via Campesina em defesa dos seus direitos e da pequena agricultura. No último dia 06 (março) cerca de 600 mulheres ocuparam a superintendência do Instituto Nacional da Colonização e Reforma Agrária (Incra), em Marabá (Pará) para cobrar projetos de Reforma Agrária e políticas públicas para os assentamentos da região. As mulheres defendem a biodiversidade da Amazônia e protestam também contra as mudanças no Código Florestal, que está em votação no Congresso Nacional.
Quanto ao poder Público, o Executivo federal conta hoje com 11 ministras, além da presidência da República ser ocupada pela primeira vez na história por uma mulher, a presidenta Dilma Roussef. No artigo Memórias das Lutas Feministas no Brasil, as pesquisadoras Hildete Pereira de Melo e Lourdes Bandeira indicam que desde a proclamação da República até meados de 2010, 18 mulheres ocuparam pastas ministeriais como efetivas ou interinas. Desse total, 11 foram nomeadas no governo de Luis Inácio Lula da Silva. Com as indicações de Dilma esse número salta.
No entanto, a significativa participação das mulheres no primeiro escalão do governo federal não é suficiente e nem garante a expressiva representatividade feminina em outros poderes. Durante a III Conferência Nacional das Mulheres realizada no final de 2011, a autonomia política das mulheres foi ponto intenso de debate. Aclamou-se a reforma política com voto em lista fechada, pré-ordenada, com alternância e paridade de gênero e além da efetivação do Ministério da Mulher.
É também necessário garantir que a atuação das mulheres nos espaços políticos seja comprometida com a luta das mulheres na afirmação dos seus direitos. É preciso questionar valores e posturas machistas e propor políticas que constrói a autonomia e a igualdade além da inclusão política de forma mais democrática e ampliada.
Mulheres da luta pela moradia, mulheres do sindical, mulheres jovens, negras, sem-terra, sem-teto, mulheres das diversas igrejas, mulheres com deficiência, desempregadas, e também dos partidos políticos, que ao celebrarmos nossas ações cotidianas no dia 08 de março, fortalecemos ainda mais a luta pela efetivação dos nossos direitos e assim de Outro Mundo Possível. Que a nossa participação ativa transforme nossa condição, transforme a sociedade. Mulheres em movimento mudam o mundo!
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